Domingo, 03 de agosto de 2025
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Fatos-Notícias / 09/06/2025
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CAMILA RIBEIRO/HNT

Irmãs 50+ transformam varanda em brechó

No bairro do Quilombo, em Cuiabá, a varanda de um casarão antigo foi transformada em um negócio familiar. Inspiradas pela mãe costureira, três irmãs decidiram dar um passo ousado e abriram o ‘Décadas Brechó’.

Margareth Pozzobon, 59 anos, advogada e ex-assessora parlamentar, atuou por 13 anos na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), com passagem pela Comissão de Meio Ambiente, onde colaborou na construção de projetos de lei.

Aos 54 anos, no entanto, foi surpreendida com a exoneração. O desligamento a abalou e a levou a repensar sua trajetória profissional. Foi então que procurou uma amiga, proprietária de um brechó e propôs sociedade.

Porém, a amiga tinha outros planos, deixando Margareth diante de uma nova transição. Fechar as portas não era uma alternativa. É quando ela convida as irmãs Viviane Soares, de 56 anos, e Fabiane Ribeiro, de 50, para se juntarem ao negócio.

Margareth lembra que as duas “compraram a ideia” e aprovaram transferir o brechó para a varanda da irmã mais velha. Para nortear essa jornada empreendedora, as irmãs buscaram suporte no Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT), participando de consultorias e capacitações.

A adaptação da área externa foi feita por um arquiteto que, em vez de erguer paredes, prezou pelo princípio do reaproveitamento, optando por instalar janelas que seguiam o pé direito, dando sensação de que o espaço é maior. Ele também integrou a loja ao jardim.

O projeto ainda preservou as colunas de pedra canga e utilizou madeira no mezanino, criando um ambiente aconchegante e convidativo.

MÃE COSTUREIRA INFLUENCIOU FILHAS

A costureira Léia Ojeda, que faleceu em 2021, deixou um legado no setor de vestuário que influenciou profundamente as filhas a empreenderem no universo da moda. Ela é, até hoje, um exemplo de força para elas, que desde pequenas a auxiliavam como modelos de prova, revisavam as peças, retiravam fios soltos e até encapavam botões.

Esse afinco com as roupas feitas pelas mãos das mãe, é lembrado quando as clientes levam peças para avaliação. Tudo é cuidadosamente observado. 

A memória da mãe, embora não mais presente fisicamente, conforta e inspira as irmãs no dia a dia do negócio. Um quadro com uma foto dela em um encontro familiar ocupa um lugar permanente na decoração da loja, uma espécie de símbolo de uma herança que vai muito além da costura.

COMPRA COM AMIGAS

Ao entrar no brechó, a sensação é de estar visitando a casa de amigas. As clientes são recebidas no portão e conduzidas por um caminho de cimento que leva a um deck charmoso, dando acesso à porta principal. Do lado de dentro, a personalidade pulsa. Os olhos são imediatamente atraídos por araras repletas de cores, texturas e tecidos.

A sala da casa de Margareth foi incorporada ao brechó e transformada em três provadores que remetem aos das lojas de fast fashion, em contraste com o restante da decoração intimista.

Para quem gosta de garimpar, é bom ir com tempo. No térreo, estão as roupas para o dia a dia. Os looks podem ser complementados com acessórios e bolsas expostas na churrasqueira da casa, agora adaptada como vitrine. A estrutura rústica harmoniza com a proposta da decoração, que mistura modernidade e elementos vintage, dialogando com os tons das pedras canga.

O caminho até o mezanino é outro deleite para o olhar. A escada com degraus de madeira e corrimão de ferro, com motivo industrial, é iluminada pela luz natural que preenche o ambiente com afeto solar. Neste andar, ficam as roupas de festa, composições mais sofisticadas para a noite e uma ala com peças promocionais.

Segundo a pesquisa "Empreendedorismo Feminino em Mato Grosso", realizada pelo Sebrae/MT em fevereiro de 2025, das 188 mil mulheres que administram pequenos negócios no estado, 46% atuam no setor de serviços e 35% no comércio — principalmente nos segmentos de confecções, vestuário, saúde e beleza.

Ao todo, 52% possuem um local próprio para trabalhar, enquanto 23% gerenciam o negócio em casa, como é o caso de Margareth. A maioria, 58%, empreende por necessidade financeira. Já 40% apontam a liberdade financeira e a autonomia como principais motivações; e 32% abriram seu negócio para realizar o sonho de "fazer o que amam".

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