Quinta, 23 de outubro de 2025
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Artigo de Opinião / 16/10/2025
Autor

Laurinha Lucena

Entre o Amor e o Desejo

Há histórias que parecem escritas por um anjo embriagado.

Nem o mais criativo roteirista teria coragem de imaginar:
uma noiva, um padre e um sogro...
no mesmo enredo, no mesmo quarto, no mesmo instante em que o sagrado se confunde com o impulso.

O povo comenta, julga, ri.
Mas, por trás do riso e do espanto, mora a velha tragédia humana:
a força do desejo e a fragilidade da alma.

Entre o amor e o desejo, há o momento —
aquele segundo em que o corpo fala mais alto que o voto,
em que o coração vacila,
em que o “não posso” vira “só por hoje”.

E ali, no altar profanado,
ninguém é santo — nem o padre que cedeu à carne,
nem a moça que confundiu calor com carinho,
nem o sogro que flagrou o pecado e agora carrega o escândalo como cruz.

Afinal, quem nunca traiu algo — um amor, um sonho, uma promessa feita a si mesmo?

Quem nunca errou o endereço do afeto?

Quem nunca confundiu carinho com paixão, toque com ternura, instante com eternidade?

Quem nunca acreditou que o amor cabia em um corpo — e depois percebeu que ele mora é na alma?

O desejo não é vilão.

Ele é fogo — e o fogo tanto aquece quanto queima.

O problema é quando a chama vira labareda e consome o que deveria iluminar...

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